sábado, 19 de novembro de 2011

10 modos de prevenção da violência escolar


Violência Escolar
A SMED propõe um programa de dez pontos de prevenção da violência entendendo a prevenção, em seu sentido amplo, como toda ação que visa compreender, reduzir, dissolver, evitar, contrapor toda e qualquer manifestação de violência no meio escolar. Para tal, são apresentadas as seguintes políticas e estratégias:

1 - Refletir sistematicamente a problemática da violência no meio escolar
As questões relativas à violência no meio escolar são ainda pouco conhecidas e abrangem um vasto complexo de causas e variáveis, exigindo um aparelho sistemático de reflexão e estudo e o despreendimento do viés emocional que geralmente acompanha o debate sobre o tema. A tentação, sempre a vencer, é a do simplismo ou do reducionismo em busca de uma compreensão do fato social em suas várias dimensões: física, psicológica, simbólica, social, etc.
- instalando o Fórum Municipal de Prevenção à Violência nas Escolas, com a participação de representantes das secretarias municipais, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Municipal de Educação, Conselho Municipal de Entorpecentes, Ministério Público, Juizado de Infância e Adolescência, Conselho Tutelar, Ordem dos Advogados do Brasil;
- implementando as Comissões Regionais de Prevenção à Violência nas oito regiões da SMED;
- constituindo o grupo de estudos sobre políticas públicas em relação a violência no meio escolar;
- organizando seminário sobre a violência em meio escolar;
- estudando a base de dados da pesquisa realizada sobre a temática;
- oportunizando contato com textos sobre a temática, através de bibliotecas e grupos de leitura; publicando textos;
- socializando a bibliografia sobre a temática;
- avaliando sistematicamente as políticas e ações realizadas.


2 - Assumir a não-violência como referencial de toda ação de prevenção à violência
As respostas em relação à violência no meio escolar terão alcance reduzido enquanto permanecerem restritas as medidas de contenção da violência.
Para superá-la, é preciso colocar-se a partir de um outro ângulo e posicionamento: a não-violência, entendida não apenas como negação (ausência) da violência, mas em sua concepção propositiva de justiça e solidariedade.
- disponibilizando dados e informações sobre práticas não-violentas realizadas em escolas, movimentos populares e sociais, comunidades;
- assumindo práticas e campanhas não-violentas e por uma pedagogia não-violenta;
- destacando elementos e atitudes de não-violência;
- incluindo datas com referenciais não-violentos no calendário da SMED;
- criando uma home-page e um boletim virtual da não-violência na escola;
- criticando a violência presente nas vivências escolares.


3 - Desenvolver a educação para a paz como caminho de superação da violência no meio escolar
As questões relativas à violência no meio escolar são, em primeiro lugar, um problema pedagógico e como tal devem ser tratadas. Violência e paz, como fatos sociais, se aprendem.
A educação para a paz tem emergido como um espaço de crítica da violência cultural imposta pela sociedade (currículo oculto da violência) e de capacitação das pessoas para ações na linha da não-violência.
- organizando cursos de educação para a paz para professores;
- desenvolvendo projeto piloto das Oficinas da Paz como espaço de aprendizado e do exercício do protagonismo juvenil em torno de ações pela paz e pela não-violência;
- incluindo conteúdos sobre a paz, não-violência e direitos humanos no projeto pedagógico das escolas.


4 - Capacitar a escola para constituir-se em núcleo e centro promotor da paz e da cultura de paz
É preciso reconhecer que a violência também se aprende na escola.
A escola, como outros agentes da sociedade, tanto tem expressado como tem produzido violência.
A compreensão ocidental de educação ainda associa por demais aprendizagem com punição, premiação, repressão, etc.
Para a superação da violência no meio escolar, é preciso diminuir o potencial criador de violência da escola e transformá-la num núcleo e centro promotor de paz, aperfeiçoando seu potencial gerador de não-violência e relações solidárias e cidadãs.
- desenvolvendo uma campanha propositiva: Escola, aqui se aprende a não-violência;
- inventariando as ações pela paz já realizadas e em curso na escola e em outros espaços da comunidade;
- constituindo Conselhos pela Paz em todas as escolas da rede municipal de ensino de Porto Alegre;
- organizando espaços de discussão com a comunidade escolar sobre a temática;
- organizando, nas escolas, bibliotecas e arquivos sobre violência e paz no meio escolar;
- divulgando, através da internet, experiências realizadas nas escolas para a construção de uma cultura de paz.


5 - Aprimorar as relações humanas na comunidade escolar
A violência, como um fato humano e um atributo da sociedade, sempre se manifesta em forma adjetiva, como característica e expressão das relações sociais.
Não existe a violência em si, mas relações sociais violentas.
Daí a importância de, num programa de prevenção à violência no meio escolar, oportunizar o aprimoramento das relações humanas na comunidade escolar como referência básica e vislumbrar uma nova compreensão de currículo que, como conjunto de vivências e experiências realizadas na escola, visa o estabelecimento de relações humanas profundas e o aprendizado de formas de resolução não-violenta de conflitos.
- organizando cursos de resolução não-violenta de conflitos para a comunidade escolar;
- valorizando e retomando os princípios de convivências estabelecidos na constituinte escolar de 1995 e referendados em 2000;
- desenvolvendo projeto de recreios auto-gestionados por alunos e pais;
- valorizando as pessoas (alunos, professores, funcionários, pais, etc.) como sujeitos.


6 - Fortalecer espaços democráticos no sistema escolar
A violência, muitas vezes, apresenta-se como uma forma de expressão dos que não têm acesso à palavra e como a crítica mais radical à tradição autoritária.
Quando a palavra não é possível, a violência se afirma e a condição humana é negada.
Neste sentido, a reversão e a alternativa à violência passa pelo resgate e devolução do direito à palavra, pela oportunidade da expressão das necessidades e reivindicações do sujeitos, pela criação de espaços coletivos de discussão, pela sadia busca do dissenso e da diferença.
- garantindo o conselho escolar como espaço coletivo de discussão;
- garantindo aos alunos espaços de reivindicação e expressão de suas necessidades;
- favorecendo a participação dos alunos e professores no OP da escola.


7 - Fortalecer a cidadania, o protagonismo juvenil e a mobilização social na linha da paz, não-violência e direitos humanos
Muito da exaltação da violência no mundo atual, conforme Hannah Arendt, provêm da degradação da ação política e cidadã. A promoção e o desenvolvimento da ação geradora do novo e da cidadania apresenta-se como uma alternativa de diminuir a violência que surge no vácuo da participação social.
As experiências educativas mais conseqüentes, aquelas que têm obtido um resultado mais eficaz nas alternativas à violência, são exatamente aquelas que estão conseguindo criar espaço de ação política em seu próprio seio.
A juventude tem se mostrado muito aberta e receptiva a tudo que vem promover e desenvolver a cidadania e o protagonismo juvenil.
- apoiando grupos de não-violência: hip-hop, capoeira, tai-chi-chuan, grafitagem, etc.;
- participando nos movimentos sociais, de direitos humanos e pacifistas;
- participando de debates e eventos propostos por outras instituições sobre violência em meio escolar;
- desenvolvendo campanha contra brinquedos de guerra;
- capacitando multiplicadores de ações não-violentas junto à juventude;
- integrando os grupos organizados (gangues) no trabalho de prevenção.


8 - Incentivar projetos de integração escola e comunidade
A diminuição da violência na escola e através da escola está ligada à sua caracterização e consolidação como espaço público e não privado ou restrito a determinados setores da sociedade.
A escola pública reconhece suas raízes comunitárias como espaço de manifestação da liberdade, de relação entre iguais, de prática de cidadania e de enriquecimento do humano.
- retomando o vínculo da escola com o orçamento participativo;
- realizando oficinas culturais e artísticas, esporte e lazer, nos finais de semana;
- participando das reuniões da associação dos moradores, clubes de mães, escolas de samba, etc.
- desenvolvendo parcerias com organizações não-governamentais para operacionalizar ações de combate à violência;
- fortalecendo a escola como pólo articulador da rede de atendimento às crianças e adolescentes.


9 - Construir estratégias cidadãs de segurança
Pelas vinculações da escola com a sociedade, a problemática da violência no meio escolar apresenta relações com a questão da segurança, entendida como estratégia cidadã para garantir a vida das pessoas e dos equipamento públicos que estão a serviço do desenvolvimento desta mesma vida.
- formando e capacitando a guarda municipal como educador social;
- discutindo o papel do policiamento comunitário visando a construção de uma nova relação entre a escola e a polícia;
- divulgando e realizando debates sobre o ECA;
- realizando ações que atendam situações de risco;
- elaborando coletivamente uma cartilha para a guarda municipal;
- procurando caminhos de superação da problemática da droga na escola;
- debatendo com os agentes e instâncias de segurança pública estratégias cidadãs de segurança.


10 - Criar espaços de apoio às vítimas da violência
O trabalho de prevenção à violência no meio escolar não pode desconhecer as conseqüências que as relações sociais violentas trazem para as crianças, adolescentes e jovens, tanto transformando-os em vítimas como em desencadeadores de atos violentos.
Atender e acompanhar as vítimas da violência de forma organizada e sistemática é uma demonstração de responsabilidade ética de uma sociedade que se reconhece ela mesmo como violenta em seus padrões, atitudes e normas.
- organizando comitês de atendimento às vítimas da violência nas regiões;
- articulando com outros serviços de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência;
- encaminhando para atendimento as famílias e/ou responsáveis pelas crianças vítimas de violência;
- realizando o acompanhamento pelo serviço de orientação das crianças e adolescentes desencadeadores de atos violentos;
- acompanhando cada criança vitimizada pela droga e sua família


Fonte: http://www.educacionenvalores.org/spip.php?article810

 
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